Deserto | Anderson C. Sandes
Quem nunca deixou
pegadas na areia?
Quem não sentiu
o pé no chão queimar?
Nesse deserto
toda alma vadeia.
Quem nunca teve
grão vil no olhar?
Tudo já se feriu,
todos andaram em deserto.
Quem nunca sentiu
a dor mansa de perto?
Oh, quem nunca se riu
ao ver que nada dá certo?
Riu e a lágrima caiu,
doce, em olhar aberto.
Tolos... todos andaram
querendo um vau,
fresco e calmo,
sem pedras no fundo.
Como o deserto
é imparcial,
todos... tolos andaram
ali, nesse mundo.
Anderson C. Sandes